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A decisão sobre a revista onde vamos publicar nosso estudo na área de saúde deve acontecer cedo no processo da pesquisa, e não quando tudo já estiver pronto e o artigo sendo escrito. Escolher a revista deve, inclusive, ser um processo guiado, entre outras coisas, pelas instruções para autores da revista escolhida. A escolha da revista deve ser feita de comum acordo com todos os co-autores, levando em consideração a visão de todos, numa discussão precoce e aberta. 

A nossa recomendação é de que esta ordem de prioridades pode ser considerada, não importando se é a primeira submissão ou a submissão após uma recusa:

1) Escopo: certifique-se de que o tema de seu trabalho está dentro do escopo da revista (verifique isso na página da revista na internet). É muito comum que os editores recusem o trabalho usando a justificativa de que ele “estava fora do escopo”, e é possível evitar isso tendo certeza a respeito do que a revista quer. Se necessário e caso não fique claro lendo o material publicado pela revista, é possível enviar uma mensagem para o editor ou para a secretaria editorial com o título e o resumo (ou uma breve descrição do trabalho), perguntando se o trabalho se encaixa no escopo. Isso pode ser feito como uma “presubmission inquiry”. A maioria das revistas vai responder.

2) Público: a sua comunidade, a revista que você e seus colegas mais leem, consultam, e onde mais encontram artigos úteis é, provavelmente, a mais adequada para a sua pesquisa. Qual é o público dessa revista? É preciso pensar em quem se quer atingir, em quem precisa ler os resultados do trabalho. Revistas mais especializadas tendem a ter uma audiência menor, mas mais interessada no tema; enquanto revistas mais generalistas têm público muito maior — mas não significa que a visibilidade do artigo específico será grande, se ele for de interesse de uma minoria.

3) Indexação e visibilidade: na área de saúde, é primordial que clínicos, gestores e pacientes tenham acesso ao artigo e aos resultados da pesquisa. E para que eles encontrem o artigo em buscas feitas nas bases de dados, é importante que a revista esteja indexada (em bases como MEDLINE, EMBASE e outras), e que não seja uma revista predatória (ajuda para reconhecer revistas predatórias no site https://thinkchecksubmit.org).

4) Formatação e “word count”: quanto mais rígida a revista em termos de formatação do artigo, mais trabalho isso vai gerar em caso de recusa, situação em que se vai precisar reformatar tudo para outra revista. O tempo disponível deve ser levado em consideração na hora de escolher a revista.

5) APC (article processing charges), ou taxa de open-access: este não deveria ser um critério de escolha de revista num mundo ideal, em que há financiamento para essas taxas. Mas no mundo real, em que muitos pesquisadores precisam pagar a taxa do próprio bolso (ainda que compartilhado por todos os co-autores), o valor da taxa é levado em consideração na hora de escolher a revista. Consultar esses valores antes de iniciar a submissão é uma precaução importante.

Observação: não foi incluído na lista o dito “Fator de Impacto” (FI), calculado pela Clarivate Analytics. O FI não é uma medida de qualidade (nem da revista, nem dos pesquisadores) e não deveria nortear a escolha das revistas onde se quer publicar artigos na área de saúde.