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A Palavra Impressa é uma consultoria que oferece auxílio para publicação de textos e livros da área científica e da área social. Adaptamos os trabalhos às necessidades de cada um e de cada editora que publica os textos, num contato próximo com o cliente. Nosso diferencial é o atendimento. Pessoal, caso a caso.

0 1760

“Criteria” já está no plural!
Quando o original fala de um critério somente, usa a palavra “criterion”.

Criterion = critério.
Criteria = critérios.

Bacteria = bactérias, no plural
Bacterium = uma bactéria

Hypothesis = uma hipótese
Hypotheses = hipóteses

Analysis = uma análise
Analyses = análises

0 1455

Qual(is) é(são) a(s) alternativa(s) *correta(s)*?

1

  • a) Os estudos foram realizados a mais de 20 anos atrás.
  • b) Os estudos foram realizados mais de 20 anos atrás.
  • c) Os estudos foram realizados há mais de 20 anos.
  • d) Os estudos foram realizados há mais de 20 anos atrás.

2

  • a) Há uma semana, a revisão foi atualizada.
  • b) A uma semana, a revisão foi atualizada.
  • c) Uma semana atrás, a revisão foi atualizada.
  • d) Há uma semana atrás, a revisão foi atualizada.

3

  • a) A uma semana da avaliação por exame de sangue, três pacientes abandonaram o estudo.
  • b) Há uma semana da avaliação por exame de sangue, três pacientes abandonaram o estudo.
  • c) Há uma semana da avaliação por exame de sangue, três pacientes serão submetidos ao raio X.
  • d) A uma semana da avaliação por exame de sangue, três pacientes serão submetidos ao raio X.

4

  • a) Fazem dois anos que este paciente não aparece no ambulatório.
  • b) Há dois anos este paciente não aparece no ambulatório.
  • c) A dois anos este paciente não aparece no ambulatório.
  • d) Faz dois anos que este paciente não aparece no ambulatório.

 

Gabarito

1: b e c

2: a e c

3: a e d

4: b e d

0 8369

Mais uma pílula “_on demand_”: o correto é escrever Zika, com o z maiúsculo? Ou minúsculo?

Lembrando a teoria: só nomes próprios devem levar letra maiúscula inicial. Nomes de doenças não deveriam ser grafados em maiúscula em português: hepatite, dengue, malária.

Mas Zika é um nome próprio? De onde vem o nome Zika?

A Organização Mundial de Saúde, em seus documentos oficiais na língua portuguesa, grafa *Zika*, com letra maiúscula.
http://www.who.int/mediacentre/factsheets/zika/pt/

O mesmo faz o nosso *Ministério da Saúde*: *Zika*. Será que está correto?

A OMS e o MS fazem isso provavelmente pensando na floresta Zika, perto da capital da Uganda, onde o flavivírus que causa a doença foi isolado pela primeira vez no final da década de 1940, o *ZIKV*. [Artigo original, publicado em 1952: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12995440.] “Zika”, na língua local, quer dizer “_overgrown_”, ou “cheio”, “lotado” — trata-se, de fato, de uma área que tem rica biodiversidade, protegida, destinada a pesquisas em biologia.

Então, teoricamente, da mesma maneira que grafamos “doença de Chagas” (com C maiúsculo) ou “febre do Nilo”, deveríamos grafar “vírus da Zika” (significando “vírus da floresta que se chama Zika”). Com maiúsculas.

Só que é possível que, com o passar do tempo e com o uso corrente pela população, haja um “aportuguesamento” da palavra Zika (assim como “Sandwich” virou sanduíche” e “Braille” virou “braile”) e que “Zika” se torne “*zica*”, “*vírus da zica*”, “*doença zica*” (assim como aconteceu com a sigla AIDS, que virou a palavra aids em português). Em tempo: o aportuguesamento prevê o uso da letra c, no lugar da k.

Um bom sinal disso é que a Wikipedia já admite o uso com letras minúsculas, embora ainda com k. Além disso, a imprensa em geral também tende a escolher o nome com minúsculas: o jornal Zero Hora, a BBC, a Globo falam em zika. Outros representantes da imprensa leiga já vão além, como O Estado de Minas, O Povo, o Correio Braziliense, e grafam “*zica*”.

A Academia Brasileira de Letras ainda não “acordou” para o Zika, e ainda não lista essa palavra no VOLP, embora dicionários portugueses já registrem a zica, assim em minúsculas e com c.

O Centro Cochrane do Brasil optou por grafar zika, com k.

A língua é viva. O uso que fazemos dela ajuda na sua consolidação, e uma hora qualquer a nossa Academia vai (ter que) registrar “a zica”. Enquanto isso, em nossos documentos de disseminação para o público leigo, podemos colaborar, tornando as coisas menos complicadas, usando as minúsculas e o c.

Concordam? 😉

[Explicação bem fácil de entender vem dos portugueses: http://www.porticodalinguaportuguesa.pt/images/parecer/zica.pdf]

0 1878

Segmento, com g mudo: parte, porção. Segmento do intestino, por exemplo. Segmento anterior da coluna. Segmento ST do eletrocardiograma. Segmento posterior do olho. Segmento pulmonar. Existe até um palavrão novo no pedaço: segmentectomia, argh!

Seguimento: acompanhamento. Eu prefiro, em português, dizer acompanhamento em vez de seguimento, porque fico aqui imaginando: a gente segue o paciente (como quem segue alguém de longe, na rua, sem interagir) ou o médico, o nutricionista, o dentista, o fisioterapeuta, o enfermeiro acompanham o paciente, junto dele?

OK, desconfio de onde isso veio: de follow-up. Follow = seguir. Tradução fácil: follow-up, seguimento.

Mas eu ainda acho mais bonito quando o profissional de saúde diz que acompanhou o paciente até…. a cura, o fim da vida, whatever.

0 2424

Infarto? Enfarto? Enfartar? Infartar? Qual o correto?

A Academia Brasileira de Letras (ABL) é bem aberta: aceita quatro grafias para o substantivo:
infarto
infarte
enfarto
enfarte.

… e ainda os dois verbos são aceitos:
enfartar
infartar.

Houaiss e Aurélio reconhecem infarto e enfarte como sinônimos um do outro.

Houaiss reconhece enfartar/enfarte, mas coloca as definições (de necrose etc.) nos verbetes infartar/infarto.

O bom e velho Aurélio diz que “enfartar” é “sofrer ou ter um infarto”!! E também aceita enfarto, mas não “infarte”.

(Lembrando que a edição do Aurélio é mais antiga que a do Dicionário da ABL).

O Stedman prefere infarto (não lista enfarte).

A palavra com e, enfarte, além do significado da necrose do tecido, também tem o sentido de empanturrar, encher, inchar. Sua origem é essa. Portanto, para falar de infarto do miocárdio ou cerebral (precisamente o oposto de preencher ou encher!), é melhor usar infarto, no sentido de lesão necrótica por hemorragia ou isquemia.

Os dicionários em geral, portanto, aceitam que se escreva de várias maneiras, mas o fato de colocarem os significados sempre junto ao verbete “infarto” nos sugere que esta é a grafia preferida ou mais utilizada no Brasil. O Google nos confirma isso: 41.500.000 documentos com “infarto” e apenas 403.000 com “enfarte”.

Os dicionários portugueses, por sua vez, preferem o enfarte, com e.

Moral da história: não é crime escrever infarte, enfarto… mas infarto e enfarte são mais usados e aceitos e, nos documentos científicos da área de saúde, quando se referindo a necrose do tecido (e não a empanturramento), convém preferir infarto nas nossas terras brasileiras.

0 1750

“Anti” liga-se à palavra seguinte com hífen somente quando vem antes de palavra que começa com:
– a letra i
– a letra h

Exemplos:
anti-inflamatório
anti-infeccioso
anti-hélice
anti-helmíntico
anti-hemorrágico
anti-herpético

Todos os outros “antis” vão grudados na palavra seguinte, sem hífen:
antimalárico, antimedicinal, antioxidante, antiparasitário, antibiótico, antibioticoterapia etc.

Para lembrar:
Anti-h
Anti-i
Antioutras coisas

0 2978

O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), elaborado pela Academia Brasileira de Letras, contém 390 mil palavras ou mais.

A língua vai “crescendo” com o tempo, conforme palavras vão sendo adicionadas pelo uso (principalmente pela tradição oral). “…raramente haverá trabalho literário que mais susceptível seja de correções e aditamentos do que o dicionário de uma língua”, escreveu Cândido de Figueiredo.

Os dicionários vão crescendo mesmo. Mas isso não quer dizer que a gente possa escrever qualquer coisa… Existem algumas palavras que as pessoas querem usar e escrevem em seus textos acadêmicos… mas elas ainda não existem no vernáculo. Até que sejam adotadas pela Academia, melhor evitá-las nos trabalhos científicos.

Por exemplo:
• Semelhantemente (que as pessoas querem adaptar direto do inglês “similarly”)
• Interessantemente (idem, do inglês “interestingly”)
• Desparasitação (adoramos criar uma palavra juntando “des” com qualquer outra coisa… mas é mais seguro verificar no VOLP se a palavra existe!)

Enfim… Cuidado com o excesso de criatividade! 😉

0 1403

Ou seria ao contrário?

OK, aqui vão as regras básicas, “rapidinhas”.

Em português, pontos em numerais milhares: 1.565 pacientes, 2.322 cidades etc.

Porém, não é preciso colocar pontos nos numerais dos anos, ok?
Eu nasci em 1973, e em 2016 completamos 350 traduções de abstracts Cochrane para o português.

Nos decimais, em português, usem vírgulas: p < 0,05; risco relativo de 20,2; 3,5 mais chances de… (isto vale para tabelas e texto). Em inglês, é o oposto: vírgulas nos milhares (sim! é feio mas é assim!) e pontos nos decimais (como nas máquinas de calcular): 1,565 patients, 2,322 cities. In the year 2016, 350 abstracts and PLSs were translated by the Brazilian Cochrane Center. The search was made from 2000 to 14 April 2015. And p < 0.05; additional 0.2 kg gain.

0 1709

Cateter. A sílaba tônica (a mais forte na fala, lembram?) está no final, no “ter”, “catetér”.

Muita gente pronuncia “catéter”, provavelmente “inspirada” na palavra “catheter” em inglês. Mas em português… escrevam cateter. Sem acento e com a tônica no final.

Estádio. Com acento sempre. Estádio de futebol, estádio II do câncer, estádios I e II da doença… Muita gente pronuncia “estadíos III e IV”… Não está certo. O correto é estádio.

0 1446

Quase todo mundo acha que letra maiúscula serve para dar importância para as coisas. “Comprei um carro, mas não foi qualquer carro, foi O Carro”. O Estudo mostrou que a Imunoglobulina é importante para…” Bobagem.

Talvez vocês se lembrem das aulas do primário, quando a professora dizia que a letra maiúscula no começo das palavras serve para indicar nomes que são “próprios” ou únicos: nomes de pessoas, cidades, estados, países, instituições oficialmente estabelecidas. Cada um desses nomes designa uma só pessoa, coisa, instituição — e não um nome comum a vários (por exemplo, Centro Cochrane do Brasil, não tem outro igual, só existe um!). A diferenciação de nomes próprios de comuns com maiúsculas é assim desde o século XV em várias línguas, inclusive o português. Só que parece que as pessoas se esqueceram, ou andaram ficando vaidosas.

(Em outras línguas, algumas palavras vão em maiúsculas por regras adicionais: no alemão, todos os substantivos; em inglês, todos os nomes de meses e estações do ano: November, por exemplo, ou Summer. Mas, em português, grafe-os em minúscula: segunda-feira, outubro, primavera. E todos os substantivos comuns, mesmo que sejam muito, muito importantes para você: o manuscrito, o professor, a cultura de células, a cloroquina, o acidente vascular.)

Existem muitos outros recursos editoriais e gráficos para dar ênfase ou mostrar a importância das coisas: sublinhar, colocar em negrito… Use-os.