Normas dizem uma coisa, sistema de submissão pede outra

Normas dizem uma coisa, sistema de submissão pede outra

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No atendimento a nossos clientes, temos percebido que há  incoerências entre as instruções para autores das revistas e o que é efetivamente praticado nos seus sistemas eletrônicos de submissão. Isso ocorre porque as revistas contratam sistemas de submissão pré-formatados, e nem todas as funcionalidades podem ser adaptadas à realidade de cada revista.

 

Exemplos de incoerências são:

 

– as normas ou instruções para autores declaram que o resumo “deve ser estruturado” (o que significa que deve conter subtítulos como “introdução”, “métodos” etc.), mas a revista devolve o artigo solicitando um ou mais itens que não estavam descritos na norma (por exemplo, pedem para inserir ou para tirar “discussão”); ou devolve solicitando que o abstract seja disposto em parágrafo único (coisa que não está descrita na norma);

 

– a norma da revista pede que seja adicionada uma declaração de conflitos de interesse dos autores, mas não especifica onde. Após a submissão eletrônica, o artigo é devolvido com a solicitação que essa declaração, que foi inserida no final do texto, seja colocada na “cover letter” ou vice-versa, ou que a declaração seja inserida na página de título e não no final do artigo;

 

– a revista não oferece uma carta de modelo padrão, mas devolve o artigo dizendo que determinadas declarações têm que constar na “cover letter” usando determinadas palavras: o autor não pode redigir a sua carta dizendo as mesmas coisas de outra maneira. Com isso, precisamos editar a carta, copiando e colando as frases-padrão exigidas pela revista;

 

– a norma da revista pede que tabelas e figuras sejam dispostas em documentos separados, mas o sistema de submissão não prevê esse tipo de documento, obrigando-nos a submeter tudo, texto, tabelas e figuras, em conjunto; o que teoricamente seria descumprir as normas;

 

– a revista não deixa claro em suas normas mas exige, durante a submissão eletrônica, que sejam indicados revisores para o trabalho (referees), sendo que algumas não permitem a finalização da submissão sem nome, endereço e instituição de um número mínimo de revisores;

 

– as revistas falam em “número máximo de figuras e tabelas”, mas após a submissão, devolvem o artigo dizendo que o número máximo declarado nas normas era um total, considerando tabelas e figuras em conjunto. Assim, se o número máximo era, por exemplo de 5 “tabelas e figuras”, o autor é obrigado a submeter somente 3 tabelas e 2 figuras, e não 5 tabelas e 5 figuras como feito inicialmente.

 

 

Resolvemos esse tipo de problema rotineiramente, para que o envio dos artigos de nossos clientes não se atrase. Também enviamos comunicados aos editores a respeito das incoerências para que possam alterar, se não o sistema de submissão, pelo menos as normas, deixando-as mais claras. Conduzimos esse tipo de comunicação entre autor e editor para facilitar a vida de nossos clientes, e assim resolvemos pequenas pendências burocráticas que podem emperrar o processo de submissão, avaliação, aprovação e publicação. Tiramos essas pequenas pedras no meio do caminho.

Patricia Logullo é doutora e meta-pesquisadora no Centre for Statistics in Medicine (CSM) na University of Oxford, Reino Unido e medical writer certificada pela International Society of Medical Publication Professionals (ISMPP). Além do Doutorado em Saúde Baseada em Evidências (pela UNIFESP), também é mestre em Ciências da Saúde (pela FMUSP) e Jornalista Científica (pela UNICAMP).

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