Na defesa dos nossos clientes: um caso de plágio

Na defesa dos nossos clientes: um caso de plágio

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Em final de março deste ano, uma antiga cliente nossa, para quem já preparamos vários artigos científicos para publicação, nos procurou com uma demanda bastante incomum. Ela havia descoberto que um artigo seu, publicado em 2006, numa revista internacional de grande impacto, havia sido copiado e publicado em outra revista, bem menor, em 2009. Agarramos o caso.

Fizemos uma comparação palavra a palavra entre os artigos e verificamos que os autores do plágio (estava claro: era um caso de plágio) trocaram apenas o nome da doença principal tratada no artigo por outra, a idade dos pacientes (de adolescentes para adultos) e mantiveram todo o texto igual, do começo ao fim. Até mesmo uma enorme tabela com medidas de pacientes foi interamente copiada, à precisão decimal. 

Consultamos as normas internacionais que definem plágio, publicação redundante e condutas consideradas inaceitáveis na área científica e redigimos uma carta detalhada ao editor-chefe da revista onde o trabalho de nossa cliente havia sido publicado. Explicamos que o estudo original, que recebeu financiamento público, havia sido realizado num hospital do Sistema Único de Saúde, com pacientes reais, sobre os quais os pesquisadores tinham inteira responsabilidade na condução clínica e coleta dos dados, e que os autores do artigo falso haviam simplesmente se apoderado dos dados. Pior: a troca do nome da doença principal fazia com que o texto como um todo não fizesse sentido. Ele jamais deveria ter passado por um sistema de revisão por pares, mesmo que os revisores da revista não desconfiassem do plágio.

A revista imediatamente tomou providências, e manteve contato conosco. Em mensagem enviada menos de um mês depois, após reuniões do conselho editorial, informou-nos de que reconhecia o caso como uma “grave violação ética”, e que conseguiu, junto à segunda revista, a determinação de retirar o artigo dos sistemas de indexação e de publicar uma comunicação sobre o erro. Além disso, comprometeu-se a contatar as instituições às quais os responsáveis pelo plágio são ligados (no Irã) para investigação do caso.

Este é mais um caso em que a Palavra Impressa mostra que está à disposição de seus clientes para revisar, editar e traduzir textos (tal como muitas empresas fazem), mas que vai além, dando um atendimento mais abrangente. Conduzir e intermediar as comunicações com as revistas envolvidas neste caso, discutindo ética, direito autoral, questões legais e de indexação científica.  E não paramos por aí: estamos de olho para verificar se os compromissos assumidos estão sendo cumpridos. 

Patricia Logullo é doutora e meta-pesquisadora no Centre for Statistics in Medicine (CSM) na University of Oxford, Reino Unido e medical writer certificada pela International Society of Medical Publication Professionals (ISMPP). Além do Doutorado em Saúde Baseada em Evidências (pela UNIFESP), também é mestre em Ciências da Saúde (pela FMUSP) e Jornalista Científica (pela UNICAMP).

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