Revisões sistemáticas e metanálises: qual a diferença?

Revisões sistemáticas e metanálises: qual a diferença?

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Revisão sistemática da literatura é um tipo de estudo cada vez mais utilizado atualmente na busca por evidências científicas em medicina. Diferentemente das revisões de literatura simples ou narrativas, a revisão sistemática responde a uma questão formulada especificamente e expõe, a priori, seu método sistemático e predefinido de trabalho.

Assim, enquanto numa revisão de literatura narrativa o autor escolhe os artigos que quer ler e relatar de acordo com critérios subjetivos, pessoais, na revisão sistemática ele tem de estabelecer antes as “regras do jogo”: quais são as bases de dados em que vai buscar publicações, quais são as palavras-chaves utilizadas na pesquisa, quais são as línguas dos artigos incluídos e quais são os critérios de exclusão dos artigos. Tal como num artigo original ou experimental, a revisão sistemática tem, portanto, um capítulo chamado de “métodos” em que justamente o método de pesquisa, coleta de sujeitos (no caso, as publicações) e de análise dos resultados são claramente predefinidos. Assim, mesmo que não resulte em achados úteis, ela pode ser reproduzida, com o mesmo método, algum tempo depois. Além disso, a possibilidade de viés de seleção de artigos se reduz bastante.

Outra característica importante das revisões sistemáticas é que elas podem possibilitar a avaliação quantitativa dos resultados. Assim, quando uma revisão sistemática inclui pelo menos dois artigos, é possível, dentro de determinados critérios de qualidade, reunir os resultados numéricos de todos num pool único. O método estatístico aplicado nesse procedimento é chamado de metanálise. Revisões sistemáticas de literatura que contêm também metanálises são muitas vezes chamadas, simplesmente, de “metanálises”. As metanálises analisam os resultados numéricos de todos os estudos incluídos em conjunto, como se fossem um único estudo com enorme amostra de pacientes.

Revisões sistemáticas e metanálises permitem que a enorme e crescente quantidade de informação em saúde seja transformada em conhecimento com utilidade clínica. As revisões reúnem, organizam, avaliam de forma muito crítica e mensuram quantitativamente os resultados, de maneira que possibilitam a produção de diretrizes clínicas para tomada de decisões na área de saúde, por médicos e administradores, tanto do setor público como do privado.

O Centro Cochrane e a Universidade Federal de São Paulo publicam diversos cursos e manuais sobre a elaboração de revisões sistemáticas e metanálises. Algumas sugestões de textos contendo o passo-a-passo dessa importante tarefa estão listadas abaixo.

 

Para ler mais:

Aula 1. Revisão sistemática com ou sem metanálise. Disponível em: http://www.virtual.epm.br/cursos/metanalise/

conteudo/modulo2/aula1/passos2.htm. Acessado em 7 de abril de 2009.

Castro AA. Revisão sistemática e meta-análise. Disponível em: http://www.metodologia.org/meta1.PDF. Acessado em 7 de abril de 2009.

Castro AA. O que é necessário para fazer uma revisão sistemática. Disponível em: http://www.metodologia.org/lv5_rsl03.PDF. Acessado em 7 de abril de 2009.

Cook DJ, Sackett DL, Spitzer WO. Methodologic guidelines for systematic reviews of randomized control trials in health care from the Potsdam Consultation on Meta-Analysis. J Clin Epidemiol 1995, 48:167-171.

Cook DJ, Mulrow CD, Haynes RB: Systematic reviews: synthesis of best evidence for clinical decisions. Ann Intern Med 1997, 126:376-380.

Imperiale TF. Meta-analysis: when and how. Hepatology 1999, 29:26S-31S.

 

Patricia Logullo é doutora e meta-pesquisadora no Centre for Statistics in Medicine (CSM) na University of Oxford, Reino Unido e medical writer certificada pela International Society of Medical Publication Professionals (ISMPP). Além do Doutorado em Saúde Baseada em Evidências (pela UNIFESP), também é mestre em Ciências da Saúde (pela FMUSP) e Jornalista Científica (pela UNICAMP).

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