O que é feito em cinco minutos vale menos?

O que é feito em cinco minutos vale menos?

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Consultores que trabalham com cobrança por honorário (hora trabalhada) muitas vezes sentem dificuldade de cobrar por serviços realizados rapidamente. Quando algo é resolvido em cinco minutos ou menos, pode parecer que “não deu trabalho”, e por isso não deveria ser cobrado. De fato, muitos clientes demandam a solução gratuita de problemas: é “rapidinho”, dizem, “você resolve num piscar de olhos”.

O que fica difícil de compreender — e faz com que a cobrança por serviços “rápidos” pareça uma exploração mercenária para alguns — é que, se conseguimos resolver alguns problemas rapidamente é porque estudamos, treinamos e nos aprimoramos durante décadas para adquirir a competência necessária para resolver aquilo em cinco minutos (e não em cinco horas). O profissional experiente e bem formado diagnostica o problema num piscar de olhos e aplica a solução de forma mais ágil. Ironicamente, ao fazer isso, o cliente interpreta o ato como “fácil” — só porque foi rápido.

Isso vale para qualquer área: para um médico, para um engenheiro, para um mecânico de oficina, um editor de textos ou para um profissional executando trabalhos domésticos. Da mesma forma que um editor consegue uma solução para um título ou para uma frase que até parece “mágica” para cliente, o cozinheiro resolve rapidamente um problema ajustando uma temperatura, e um médico diagnostica uma anemia só “de bater o olho”. Tudo isso é possível, mas requer experiência. Enquanto alguns serviços simplesmente não podem ser realizados em pouco tempo — edição de grandes volumes de texto, por exemplo —, outras soluções podem, sim, ser rápidas. Mas somente um profissional experiente é capaz de fazer rapidamente o que outro, por falta de prática, conhecimento ou jornadas de atendimento, faz com a mesma qualidade, porém mais devagar.

O serviço precisa ser remunerado pela competência do executor, não pela média de mercado (que inclui os mais e os menos experientes e competentes). Serviço não é geladeira: licitação e tomada de preços nem sempre são a melhor estratégia para contratação, porque o profissional que oferece o menor preço ou o menor prazo pode não ser realmente capaz de entregar o melhor serviço ou de cumprir o prazo prometido. Por outro lado, quando compreende que, desse prestador de serviço, vêm soluções rápidas, que resolvem seu problema rapidamente e bem, o cliente estabelece uma relação duradoura e de confiança com o profissional, valorizando dessa forma o trabalho. A escolha vem da competência, não do preço.

Patricia Logullo é doutora e meta-pesquisadora no Centre for Statistics in Medicine (CSM) na University of Oxford, Reino Unido e medical writer certificada pela International Society of Medical Publication Professionals (ISMPP). Além do Doutorado em Saúde Baseada em Evidências (pela UNIFESP), também é mestre em Ciências da Saúde (pela FMUSP) e Jornalista Científica (pela UNICAMP).

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