Pílula de português. Maiúsculas. Tão mal compreendidas e mal usadas.
Quase todo mundo acha que letra maiúscula serve para dar importância para as coisas. “Comprei um carro, mas não foi qualquer carro, foi O Carro”. O Estudo mostrou que a Imunoglobulina é importante para…” Bobagem.
Talvez vocês se lembrem das aulas do primário, quando a professora dizia que a letra maiúscula no começo das palavras serve para indicar nomes que são “próprios” ou únicos: nomes de pessoas, cidades, estados, países, instituições oficialmente estabelecidas. Cada um desses nomes designa uma só pessoa, coisa, instituição — e não um nome comum a vários (por exemplo, Centro Cochrane do Brasil, não tem outro igual, só existe um!). A diferenciação de nomes próprios de comuns com maiúsculas é assim desde o século XV em várias línguas, inclusive o português. Só que parece que as pessoas se esqueceram, ou andaram ficando vaidosas.
(Em outras línguas, algumas palavras vão em maiúsculas por regras adicionais: no alemão, todos os substantivos; em inglês, todos os nomes de meses e estações do ano: November, por exemplo, ou Summer. Mas, em português, grafe-os em minúscula: segunda-feira, outubro, primavera. E todos os substantivos comuns, mesmo que sejam muito, muito importantes para você: o manuscrito, o professor, a cultura de células, a cloroquina, o acidente vascular.)
Existem muitos outros recursos editoriais e gráficos para dar ênfase ou mostrar a importância das coisas: sublinhar, colocar em negrito… Use-os.