Níveis de evidência científica
Várias revistas científicas em ortopedia têm, atualmente, exigido que os autores indiquem qual o nível de evidência dos trabalhos no momento da submissão para publicação. Essa categorização facilita o trabalho de revisão e também ajuda o editor a tomar decisões: obviamente que os trabalhos com melhor nível de evidência são preferidos.
Quanto mais alta a classificação, melhor a qualidade da evidência científica que o estudo provê, ou seja, mais adequadas respostas aos questionamentos clínicos ele é capaz de fornecer. Os estudos clínicos randomizados e as metanálises (revisões sistemáticas com estudo estatístico) estão no topo da lista, com nível I de evidência. Os outros estudos inspiram, aprimoram metodologia e abrem caminho para a realização dos melhores.
Abaixo segue uma tabela de classificação de níveis de evidência em estudos utilizada por revistas da área de ortopedia. É um importante, claro e prático material de consulta tanto para quem já está em vias de publicação quanto para quem está desenhando seu projeto de pesquisa: por vezes, a simples adição de um detalhe (um grupo controle, um aumento da taxa de acompanhamento ( follow-up ) dos pacientes, pode fazer um estudo saltar de uma para outra classificação — e ter mais chances de publicação.
Estudos terapêuticos Investigando o resultado de tratamentos |
Estudos prognósticos Investigando o efeito de uma característica do paciente na evolução da doença |
Estudos diagnósticos Investigando um teste diagnóstico |
Análise de decisão e economia Desenvolvendo um modelo econômico ou de decisão |
Nível I | |||
• Estudo clínico randomizado de alta qualidade, com diferenças significativas ou sem diferenças significativas mas com intervalos de confiança estreitos • Revisão sistemática de estudos nível I com resultados homogêneos entre os estudos e consistentes |
• Estudo prospectivo de alta qualidade (todos os pacientes arrolados no mesmo momento da doença, com acompanhamento de 80% ou mais dos pacientes), e o estudo começou antes do arrolamento do primeiro paciente • Revisão sistemática de estudos nível I |
• Teste de um critério diagnóstico desenvolvido previamente em pacientes consecutivos (com um teste “padrão ouro” universalmente aceito) • Revisão sistemática de estudos nível I |
• Custos sensíveis e alternativas; valores obtidos de vários estudos; com análise múltipla de sensibilidade • Revisão sistemática de estudos de nível I |
Nível II | |||
• Estudos clínicos randomizados de mais baixa qualidade: por exemplo, com menos de 80% de acompanhamento ou com randomização inadequada • Estudo comparativo prospectivo (estudo começou antes do arrolamento do primeiro paciente, e comparando pacientes tratados de uma maneira com pacientes tratados de outra na mesma instituição) • Revisão sistemática de estudos nível I ou II com resultados inconsistentes |
• Estudo retrospectivo • Grupo de controles não tratados de um estudo clínico randomizado • Estudo prospectivo de menor qualidade (por exemplo, pacientes arrolados em diferentes momentos de sua doença ou com acompanhamento completo de menos que 80% deles) • Revisão sistemática de estudos de nível II |
• Desenvolvimento de critérios diagnósticos em pacientes consecutivos (com um “padrão ouro” universalmente aceito) • Revisão sistemática de estudos nível II |
• Custos sensíveis e alternativas, valores obtidos de estudos limitados, com análise múltipla de sensibilidade • Revisão sistemática de estudos nível II |
Nível III | |||
• Estudo de caso controle baseado em desfecho (pacientes com um desfecho comparados com controles com outro desfecho clínico) • Estudo retrospectivo (estudo iniciado após o arrolamento do primeiro paciente) e comparativo (pacientes tratados de uma maneira, comparados com os tratados de outra maneira) • Revisão sistemática de estudos nível III |
• Estudo de caso controle |
• Estudo de pacientes não consecutivos, sem um “padrão ouro” aplicado consistentemente • Revisão sistemática de estudos nível III |
• Análise baseada em alternativas limitadas e custos; e com estimativas pobres • Revisão sistemática de estudos nível III |
Nível IV | |||
Séries de casos (pacientes tratados de uma maneira sem comparação com outros) |
Série de casos |
• Estudo de caso controle • Referência de padrão pobre |
• Estudo sem análise de sensibilidade |
Nível V | |||
Opinião do especialista |
Opinião de especialista |
Opinião de especialista |
Opinião de especialista |